Monday, February 3, 2014

Querida Loja dos Chineses,

Obrigado por tudo o que já fizeste pelo meu país, nem sempre tenho oportunidade de te agradecer, a tua extensa prateleira de tudo e mais alguma coisa, e o teu extenso horário de funcionamento, mas a verdade é que tu mudaste o meu país. Antes de tu apareceres, nós tínhamos de trabalhar em fábricas a produzir coisas feias e desinteressantes, como parafusos, cabos elétricos, vasos, detergentes, casacos de napa e chinelos de quarto. Era uma vida difícil, em que todos os nossos dias eram iguais, a caminho de uma fábrica, ou de um campo agrícola, com bom ou mau tempo. Antes, nós passávamos os dias a trabalhar em coisas insignificantes, com mecanismos repetitivos e resultados pouco criativos. Nós produzíamos coisas e éramos infelizes, tu, felizmente, vieste mudar isso tudo. Não posso deixar de agradecer a maneira como fizeste baixar os preços em tudo o que nós dantes produzíamos, em como nos permitiste parar de trabalhar, e passar a comprar tudo, o que tu podes produzir para nós comprarmos. Porque nós, precisamos de sentir coisas, de sonhar coisas e de ser felizes. Como tu já percebeste isso, de que nós já não temos vontade, ou capacidade de trabalhar, tomaste conta dos nossos bancos, das nossas seguradoras, da nossa energia elétrica, mas ainda nos hás-de ajudar mais e tomar conta das nossas estradas, dos nossos prédios, das florestas, das águas, e até dos nossos ares, se nós precisarmos disso. Vou então, tomar a liberdade de te fazer um pedido, que me diz muito, peço-te por favor que para além das Lojas dos Chineses, abras também Museus dos Chineses, Teatros dos Chineses, Cinemas dos Chineses, Mosteiros dos Chineses, Centros Históricos dos Chineses. Era uma maneira de nos continuares a ajudar, mas de não nos deixares fazer parar de sentir. Achas que nos podes ajudar?

Ps: “De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos.” Confúcio


Obrigado, e Vénia,
Pedro Saavedra (um artista português)
9 de Janeiro de 2013

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