Fazes-me sentir inseguro sempre que me dá “vontades de”.
E sempre que me dá “vontades de” e vou à tua procura, tu sabes ouvir-me e acalmar-me. Mesmo que o assunto seja a minha insegurança por te ter pago a mais, tu sabes ouvir-me e dizer-me coisas que resolvem.
Atendes-me sempre o telefone com um novo nome, mas a cara que te imagino é sempre a mesma cara, de quem envelheceu demasiado depressa, de quem tem cara com ar de quem só quer sair dali para apanhar ar, não é verdade?
Tens muitas caras mas sempre o mesmo sorriso de dentição adse, o mesmo figurino final Primark anos 90, e o mesmo colar de pérolas branco plástico, sempre com o teu penteado mise corrida mal, cumpres sempre o meu antigo fetiche de stôra do secundário.
Combinámos encontro e lá estavas tu à minha espera, sempre com aquela cara de quem envelheceu demasiado depressa, sempre com aquele ar de quem só quer sair dali para apanhar ar, sempre com o sorriso de dentição adse, o figurino Primark final anos 90, o colar de pérolas branco plástico, e o teu penteado mise corrida mal. Cumprida a expectativa resolvi a “vontades de” e saí.
Hoje estive dentro de ti, novamente, pela primeira fui por marcação e apesar de já ter estado em filas para te visitar, cheguei inseguro e sai seguro. Obrigado por me teres atendido, se reparares deixei gorjeta no globo de vidro da entrada.
Até à próxima, Bjs.
Pedro Saavedra (um artista português)
24 de Fevereiro de 2014
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