Wednesday, February 12, 2014

Querido Tiago Pereira,

Ontem estive sentado em cima de uma mesa, num daqueles sítios onde tu trabalhas agarrado a um monitor de capa maçã, e senti-me feliz.

Feliz por ver o teu trabalho.
Feliz por ver aquela sala cheia.
Feliz por ver as pessoas que tu encontras.
Feliz por me lembrares os meus bisavós em São Braz de Alportel.
Feliz por ser português.
Feliz por ser teu amigo.

Ontem de tão feliz que estava esqueci-me de coisas que não importam.

Que não importa não ter um emprego.
Que não importa saber que outros têm um emprego.
Que não importa saber que há países com mais dinheiro.
Que não importa não saber já do futuro.

Para os que não te conhecem, é importante dizer que nos últimos anos recolhestes, regravaste e remisturaste a música portuguesa ao ponto de ela voltar a gostar de si própria.

Que importa gostarmos do que somos antes de mudarmos o mundo.
Que importa sermos nós antes de nos compararmos aos outros.
Que importa dizer coisas parvas quando gostamos de alguma coisa, mesmo, mesmo muito.

Agora já sei do que tu vives, tu vives dos portugueses e daquilo que, aconteça o que acontecer, os portugueses vão continuar a ser: Portugueses.

Desculpa, qualquer coisinha, mas tinha de te dizer isto,
Pedro Saavedra (um artista português)
7 de Fevereiro de 2014

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